Evento em Aracaju marca a volta dos debates presenciais promovidos pela FNP e discute potencial de economia com a compra coletiva de insumos e medicamentos em larga escala, com valores até 40% mais baixos. A reunião contou com a participação virtual de especialistas sobre inovação na gestão da saúde e cuidados no monitoramento da pandemia. Prefeitos brasileiros reivindicam início imediato da vacinação de crianças
A abertura da 81ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos que aconteceu na manhã desta quinta-feira (25), em Aracaju, Sergipe, reuniu representantes das mais de duas mil cidades que compõem o Consórcio Conectar, mobilização nacional que propõe soluções inovadoras para a gestão da saúde. Na ocasião, tomaram posse os representantes do Conselho de Prefeitos, instância consultiva do Consórcio que congrega mais de 70 prefeitas e prefeitos de todo Brasil.
A mesa oficial de abertura do evento foi composta pelos representantes da diretoria da FNP e do Consórcio Conectar: os prefeitos Edvaldo Nogueira, de Aracaju-SE, João Campos, de Recife-PE, Francinete Carvalho, de Abaetetuba-PA, Sebastião Melo, de Porto Alegre-RS, Jairo Jorge, de Canoas-RS, e Duarte Nogueira, de Ribeirão Preto-SP, além do presidente do Conectar, prefeito Gean Loureiro, de Florianópolis-SC.
O presidente do Consórcio apresentou um balanço da entidade até o momento e mostrou resultados da primeira compra compartilhada do Conectar. “A formação de um consórcio nacional foi um anseio de décadas. A pandemia e a necessidade por vacinas deu força para estruturar essa iniciativa, que exigiu o esforço coordenado de mais de 2 mil prefeitas e prefeitos", afirmou.
Gean Loureiro destacou na apresentação os resultados da compra compartilhada de insumos médico-hospitalares. Prefeituras consorciadas poderão adquirir a partir da próxima semana os itens da primeira licitação pública do Conectar. “Muitos municípios têm dificuldade para montar um processo licitatório de compra. Unindo nosso poder de escala e processos mais simples, alcançamos valores 40% mais baratos que a média de mercado. Para 2022 estamos desenvolvendo uma modelagem para contratação de tecnologia em saúde, voltada para telemedicina e teleconsultas”, complementou o presidente do Conectar.
Conselho de notáveis faz recomendações a prefeitas e prefeitos
Um grupo de notáveis com longa experiência na gestão pública que forma o Conselho Científico do Conectar debateu com os governantes municipais os caminhos da saúde no próximo ano. O médico e político José Gomes Temporão destacou as estratégias para o fortalecimento da gestão municipal. "O Conectar é a reconstrução da pactuação que foi vigente por 30 anos no Brasil e que, durante a pandemia, vimos ser fragmentada”, afirmou o ex-ministro. “A construção de redes integradas que acompanhem o paciente por todo o percurso da saúde é um importante ponto de estruturação”, afirmou o Dr. Temporão.
O sanitarista Gonzalo Vecina, também membro do colegiado consultivo que apoia a mobilização, comentou sobre a importância de investimento na resolutividade da Atenção Primária em Saúde. “Com redes regionalizadas de atenção, municípios e estados podem ofertar serviços como a teleconsulta, impulsionados pelo Conectar. A telemedicina tem um potencial imenso a ser aproveitado pelo Consórcio.”
A epidemiologista Carla Domingues destacou no debate que o país tem uma história de vacinação no país criada com muito esforço que precisa ser mantida. “A pandemia trouxe lições para o SUS, e uma delas é a necessidade de estratégias conjuntas. A heterogeneidade da vacinação tem que ser superada para a erradicação de doenças, como já fizemos antes no Brasil. O Consórcio Conectar tem o papel fundamental de ser condutor do mapeamento das regiões em suas especificidades, para alcançar a vacinação de toda população evitando uma quarta onda da pandemia", alertou.
Consórcio garante pleitos locais e regionais nas agendas da saúde
O secretário-executivo do Conectar, Marcelo Cabral, elencou as diferentes ações de estruturação da autarquia pública e os avanços recentes. “A transparência e a integridade dos processos, que foram simplificados, asseguram a confiança das prefeituras nessa tarefa tão importante de gerar soluções inovadoras na área da saúde".
O prefeito Jairo Jorge, de Canoas/RS, apresentou avanços na perspectiva do Conselho Fiscal da entidade. “A pandemia nos trouxe riscos, mas também oportunidades. O Conectar é a maior oportunidade da área da gestão pública dos últimos tempos.”
A prefeita de Abaetetuba/PA, Francinete Carvalho, chamou atenção para as diversidades regionais e a necessidade de diversificar as soluções. “Precisamos mostrar através do Consórcio que somos um país continental, que as realidades de cada municípios são diferentes. O Brasil precisa entender que não podemos ter o mesmo modelo para todos. O Conectar é capaz de alavancar todo esse debate, unidos somos cada vez mais fortes."
Homenagem à Jonas Donizette, um dos idealizadores do Conectar
O momento também foi marcado por homenagem ao ex-presidente da FNP e ex-prefeito de Campinas/SP, Jonas Donizette, um dos idealizadores do Consórcio Conectar. O atual presidente do FNP, Edvaldo Nogueira, Prefeito de Aracaju/SE e anfitrião do evento, destacou o trabalho de Donizette e sua dedicação à causa municipalista. “Jonas é um exemplo de gestor público e de generosidade. Tive a felicidade de ser seu vice-presidente, e posso dizer que sua gestão foi a que mais projetou a Frente Nacional de Prefeitos", ressaltou.
“Agradeço a homenagem, que endereço à capacidade que aprendi de compartilhar tarefas. Divido com cada um dos prefeitos as vitórias alcançadas na presidência de uma entidade tão importante como a FNP. O Conectar foi um dos nossos maiores esforços e hoje vemos os resultados”, comentou Jonas Donizette.
Prefeitos brasileiros querem início imediato da vacinação de crianças
Em fala contundente na manhã desta quinta-feira, 25 de novembro, durante o encontro da Frente Nacional dos Prefeitos, o prefeito de Florianópolis/SC e presidente do Consórcio Conectar, Gean Loureiro, defendeu o início imediato da imunização de crianças de 5 a 11 anos. De acordo com Loureiro, um estudo técnico atesta a importância de proteger as crianças como mecanismo para reduzir a transmissão da doença e chegar a pelo menos 90% da população brasileira imunizada.
“Nós produzimos um documento para o Ministério da Saúde pedindo a imediata inclusão das crianças no Plano Nacional de Imunização - PNI. Sabemos que os sintomas são mais brandos para eles, mas a transmissibilidade pode ser diminuída com a vacinação. Os estudos já demonstraram uma eficácia de 90% nas crianças com a vacina da Pfizer”.
O estudo encomendado pelo Consórcio Conectar e liderado pela epidemiologista Carla Domingues, que coordenou o PNI durante 8 anos, apontou que no Brasil a mortalidade de crianças e adolescentes por COVID-19 apresenta taxas cerca de 4 a 8 vezes superiores, respectivamente, às registradas em países como EUA e Reino Unido.
Para o grupo de cidades, a imunização deste público é fundamental para a contenção eficiente do contágio e medida de segurança para os encontros do final do ano, quando se intensificam os contatos familiares. “Estamos muito otimistas com a queda constante do número de registro de infecções, mas sempre cautelosos quanto ao cenário. Entendemos que a garantia da proteção das crianças e, por consequência, das famílias como um todo, é questão prioritária, principalmente, agora que a ciência já comprovou a eficácia da imunização das crianças”, explica o Prefeito de Florianópolis e presidente do Consórcio Conectar, Gean Loureiro.
Estudo recente publicado na revista New England Journal of Medicine indica que a vacina da Pfizer oferece proteção de 90,7% para a parcela da população entre 5 e 11 anos. Autorizado pela agência regulatória americana, o imunizante é utilizado no público infantil não apenas nos Estados Unidos mas em países com altos índices de vacinação, como Israel.
Desde o começo da pandemia, mais de 2 mil crianças e adolescentes morreram por conta da doença no Brasil. Informações recentes do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria indicam que este volume é superior à soma de todos os óbitos por doenças infantis para as quais existem vacinas, como sarampo, coqueluche, difteria, febre amarela, gripe e meningite, entre outras.
“Os especialistas são categóricos quanto à segurança e a necessidade da vacinação das crianças. Já temos evidências da efetividade das campanhas internacionais junto a este público. Não podemos ficar para trás e correr este risco”, complementa o Prefeito Gean Loureiro.
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